A figura de estilo (ou recurso estilístico)
Forma de ornamento do discurso, para obter um efeito especial de significação. Este sentido é herdado da retórica latina (figura, figurae), pois na tradição grega as figuras chamam-se schemata (“posturas”), ou expressões enunciativas, diferente de ornamento da expressão por força da modificação do significado das palavras. Desde a retórica clássica ao modernos manuais de estilo, a noção de figura de estilo confunde-se ou inclui outras designações próximas como figura de pensamento ou tropo, figura de linguagem, figura de retórica, figura de construção, figura de sintaxe, figura de dicção, figura de expressão, etc. Julgamos ser hoje útil reunir sob a designação de figura de estilo todas as formas de expressão ornamentada do discurso, entendendo-se por expressão ornamentada toda a expressão verbal controlada com o fim de produzir um efeito especial de adorno, elegância ou simples ênfase. Dentro da designação geral de figuras de estilo, podemos distinguir mais em particular (1) aquelas figuras que incidem sobre a pronúncia das palavras, chamadas figuras de dicção (apócope, síncope, sinalefa, hiato, aliteração, onomatopeia, etc.); (2) aquelas que incidem sobre a morfossintaxe, chamadas figuras de construção, que afectam a ordem das palavras no discurso (elipse, zeugma, anáfora, pleonasmo, anástrofe, paralelismo, etc.); (3) aquelas que incidem sobre uma invenção especial, chamadas figuras de pensamento ou tropos.
É comum distribuirem-se as figuras de estilo em três grandes categorias:
a) Figuras de Sintaxe ou de Construção (Elipse, Zeugma, Pleonasmo, Anáfora, Anástrofe, Hipérbato, Anacoluto, Assíndeto, Silepse);
b) Figuras de Pensamento Interrogação (Pergunta de Retórica), Exclamação, Hipérbole, Apóstrofe, Prosopopeia (Personificação ou Animismo), Perífrase, Antítese, Oxímoro, Paradoxo, Gradação);
c) Tropos (Comparação, Metáfora, Imagem, Alegoria, Ironia, Eufemismo, Disfemismo, Sinédoque, Metonímia).
Mas esta divisão encontra-se sujeita a variaçõs, de forma a estabelerem-se nexos semânticos e estruturais entre as várias figuras. Henri Suhamy, por exemplo, agrupa-as em cinco rubricas distintas:
I. Os Tropos: (Catacrese e Glossemas; Imagem, comparação e metáfora; Metonímia e Sinédoque; Perífrase; Os Tropos de Funções: Enálage, Hipálage, Implicação, Hendiadyn, Litote)
II. As Figuras de Repetição e de Amplificação: Repetição de Palavras: Epizeuxe, Anáfora, Epífora, Anadiplose, Simploce, Antanáclase, Epanalepse, Epanadiplose; Repetição de Sonoridades: Rima, Assonância, Aliteração, Apofonia, Paranomásia, Eufuismo, Poliptoto; Redundâncias: Pleonasmo, Batologia, Tautologia, Expleção; Paralelismo e Amplificação: Paradiástole, Hipozeuxe, Paráfrase);
III. As Figuras de Construção: Ritmo; Cláusula; Quiasmo; Antítese; Oxímoro; Paralelismo; Dissimetria; Inversão; Hipérbato; Anástrofe; Histerologia)
IV. As Figuras de Realce ("de mise en valeur"): Hipotipose, conglobação, Expolição, Onomatopeia, Harmonismo, Exclamação; Interrogação; Apóstrofe; Mitologismo; Antropomorfismo; Prosopopeia; Hipérbole; Litote; Tapinose; Eufemismo;
V. Elipses: Elipse; Abreviação; Parataxe; Braquilogia; Anacoluto; Zeugma);
VI. Figuras de Pensamento: Ironia; Asteismo; Autocategorema; Epítrope; Paradoxo; Tácticas de Argumentação: Precaução, Rejeição, Antecipação, correcção, Retroacção, Antorismo, Antiparástase, Apodioxe, Preterição, Associação, Comunicação)
Para saber em que consiste cada uma delas vá aqui