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 Sobre o Acordo Ortográfico e uma resposta do Ciberdúvidas

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Sobre o Acordo Ortográfico e uma resposta do Ciberdúvidas Empty
MensagemAssunto: Sobre o Acordo Ortográfico e uma resposta do Ciberdúvidas   Sobre o Acordo Ortográfico e uma resposta do Ciberdúvidas EmptyQui Jan 31, 2008 1:30 pm

Antes de mais, transcrevo uma mensagem que enviei ao «Ciberdúvidas da Língua Portuguesa», a fim de tomar alguns esclarecimentos.

Ei-la:

«

Escrevo para dizer que aprecio positivamente o Acordo Ortográfico. Porém, e deparando-me com a regra em que se menciona a indiferenciação gráfica entre para (preposição) e pára (forma verbal), não compreendi a lógica desta opção. De facto, até cheguei a fazer alguns exercícios (bastante caricatos) sobre como esta situação pode ser francamente confusa.

Passo o exemplo:

«Para para que possas reflectir,
para para que possas sonhar calmamente,
para que o teu trabalho seja frutuoso para,
para para olhar o teu redor
com a placidez dos sábios.
Para com as soluções gratuitas,
para com o facilitismo imprudente
para com a melhor das intenções
singrares depois num áureo caminho.»

Qual é, enfim, o sentido desta regra?
»

Agora, caríssimos neofarpianos, deliciem-se com a magna demonstração de como esta indiferenciação causa as maiores confusões e de como pode ser tão triste a argumentação da pseudo-vanguarda orthographica (entre colchetes alguns inevitáveis comentários):


«
O sentido da regra é a simplificação [Iluminou-me!]. Pára tem tido acento para não se confundir com a preposição para, mas a verdade é que o contexto normalmente evita a confusão.
Tem de aceitar que as frases que apresenta são todas agramaticais, se considerarmos a grafia para sempre uma preposição [Tenho de aceitar? Que com a nova ortografia o texto perca coesão e gramaticalidade? Aliás, onde disse eu que era para tomar "para" sempre como preposição? Como disse, o texto resultou deu um jogo caricato entre as duas formas. Falha na interpretação lógica do texto!?]

a) Escrever duas preposições iguais seguidas contraria as regras, a não ser quando usadas enfaticamente [Aí é que está o problema. Não tenho nenhum caso desses no meu texto -nem quero ter!]
b) A vírgula no fim da terceira frase deixa a ideia em suspenso se quisermos considerar o segundo para como uma preposição [Desisto...]

c) A última frase está igualmente incompleta se considerarmos a grafia para sempre uma preposição (para isto, para aquilo e para mais aquilo… o quê?...) [Já percebi a ideia - e já percebi que não percebeu ou lhe não interessou perceber a questão em causa...]

O treino no uso da língua permite normalmente avaliar se o conjunto escrito tem coesão. Se aparentemente não o tem, o cérebro humano tende a corrigir o defeito em busca dum sentido coerente, para entender a mensagem (é essa ainda a sua grande vantagem em relação às máquinas, que ficam penduradas quando lhes aparece uma novidade no programa) [Genial!].

Por outro lado, o escritor que verdadeiramente se preocupa com os seus leitores usa as suas palavras por forma a que no contexto não haja ambiguidades (ex.: «Interrompe o que está a fazer, para que possas reflectir!») [Parece que para este Sr. uma língua se resume à prosa jornalística... Em outros registos a ideia de se preocupar com o leitor é, no mínimo, questionável e debilitadora do que é a arte e a criação literária... Renegaremos centenas de séculos de poesia? O texto que escrevi não é legítimo? Só pode sobreviver mutilado, com o acordo? Ridículo!]

No caso de o escritor pretender a ambiguidade e não se preocupar muito com a perfeição do texto [Perfeição? Que perfeição? Poética? Musical? Gráfica? Rètórica? Gramatical? Léxica? Conceptual? de conteúdo? Jornalística?], então até convém que a riqueza da língua o permita [Sem comentários...] Exemplo: «Para a decisão Alcochete, para o projecto Ota, de quem são os interesses beneficiados?” A segunda grafia de para pode dar vários sentidos à ideia: para sempre preposição permite pensar que havia interesses beneficiados quer numa solução quer na outra; com o segundo para forma verbal, o interesse seria de todos nós, nacional… ou muito o dos defensores da margem sul?...»

(Resposta do Sr. D'Silvas Filho, a 18/01/2008)

Enfim!... O douto gramático e filósofo acabou por não responder. Muito possivelmente não terá percebido tão complexo, difícil, engenhoso, estranhíssimo, completamente improvável, exageradíssimo textinho. Pena que de situações como esta possam estar centenas de livros recheados.

Já agora, para que não restem dúvidas:

«Pára para que possas reflectir,
pára para que possas sonhar calmamente,
para que o teu trabalho seja frutuoso pára,
pára para olhar o teu redor
com a placidez dos sábios.
Pára com as soluções gratuitas,
pára com o facilitismo imprudente
para com a melhor das intenções
singrares depois num áureo caminho.»
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